quarta-feira, 7 de março de 2012

A partilha dos PCE

A partilha dos pontos concretos de esforço e as três atitudes de conversão


Nosso amado Pe. Caffarel, na obra O amor e a Graça, diz: “Há um tipo de relações humanas que são especificamente cristãs. O que faz a sua excepcional qualidade é o valor do que é posto em comum: pensamentos, gostos, sentimentos humanos, mas sobretudo a vida espiritual. Homens que amam a Cristo, possuídos de uma prodigiosa confiança mútua, revelam uns aos outros a vida deste amor que vive neles. (...) Há mais. Realiza-se a promessa de Cristo: ‘Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, estarei eu no meio deles’. (...) Oração em comum, auxílio mútuo, espírito comunitário, troca de opiniões e tantos outros meios postos à vossa disposição para vos permitir um encontro, uma união no nível espiritual em nome de Cristo, em Cristo.” 

Esse é o espírito que deve permear toda a Reunião de Equipe, mas mais profundamente o momento da Partilha. Partilhar, partir, participar, doar a própria vida aos irmãos da equipe para que todos se enriqueçam, se fortaleçam e se auxiliem na caminhada da espiritualidade conjugal. Na Partilha dividimos os fracassos, os sucessos, o cansaço, o progresso, as dificuldades e os avanços na vivência dos Pontos Concretos de Esforço. Eles são os meios que o Movimento nos oferece para crescermos no amor a Deus e no amor ao próximo. Eles formam a “disciplina” que devemos incorporar durante toda nossa existência, para que possamos chegar cada vez mais perto da santidade na vivência do sacramento do Matrimônio.

A Partilha deve se realizar num clima de oração, de silêncio, de respeito, de amor-caridade, de sigilo. Deve ser feita com humildade, verdade, confiança, sem julgamentos ou críticas. Quando um casal está partilhando, os demais devem prestar muita atenção, com o coração aberto para acolher e aceitar as riquezas e as deficiências de seus irmãos. Dar-se a conhecer, revelar-se, e ser acolhido, para criar comunhão.
Esse partilhar tem um significado como o “partir o pão”, a Eucaristia. Na Eucaristia se consolidam os fundamentos da construção espiritual e de doação plena de cada participante. Na Eucaristia, Jesus se dá como alimento num dom total de si. Ao partir o pão, Jesus confere aos discípulos a missão de restaurar a união que Deus deseja para o seu povo (cf. Lc 22,19-20).
Participar da Eucaristia é dispor-se a viver a experiência humana do amor de Deus. Nela Jesus vive e revela o amor de Deus Pai pela humanidade. A Eucaristia centraliza a vida cristã e motiva o amor solidário entre as pessoas. Ela nos dá a oportunidade de vivenciar a verdadeira vida, que é compartilhar da mesma mesa, buscando alcançar a comunhão em Cristo.

O encontro com Cristo na Eucaristia, o partir o pão, é uma experiên­cia única. É o encontro pleno de corações que se amam. Exige transformação, conversão, mudança de atitudes. Dele nasce o compromisso! Assim é a Partilha que realizamos a cada mês, com dia e hora marcados. Nela apresentamos a vida que conseguimos alcançar através dos Pontos Concretos de Esforço, visando assimilar as três atitudes propostas pelas Equipes de Nossa Senhora: a abertura à vontade e ao amor de Deus, a capacidade de viver a verdade e a vivência do encontro e da comunhão.
Vamos conhecendo a vontade de Deus à medida que ouvimos o que Ele nos diz, através das Escrituras, dos acontecimentos, das pessoas; nos momentos íntimos de oração, de meditação, no diálogo conjugal, especialmente no retiro. Viver a verdade significa conhecer-se, assumir-se, reconhecer-se limitado, pequeno e necessitado. Saberemos mais sobre nós mesmos pela Escuta da Palavra, na Meditação, na Oração Conjugal, no Dever de Sentar-se, no esforço de realizar uma Regra de Vida, no fazer um Retiro. Para viver o encontro e a comunhão necessitamos despojar-nos de nós mesmos e partir em direção ao outro, sustentados nos mesmos pontos concretos de esforço.

Os meios que o Movimento nos oferece devem ser compreendidos e vividos como caminho de recriação e renovação do amor conjugal, e como resgate da união profunda e verdadeira com Deus e com os irmãos. Por essa razão, a Partilha não pode ser uma planilha contábil, uma prestação de contas, um ali­viar de consciências. Seria reduzir o dom da vida conjugal e comunitária que recebemos de Deus, o grande projeto que o Senhor sonhou para nós, em rotinas sem sentido.

Nunca é demais dizer que o amor presente no coração dos cônjuges unidos pelo sacramento do Matrimônio é a fonte das graças que necessitamos para alcançar os objetivos propostos pelas Equipes de Nossa Senhora. Que o Espírito de Deus Uno e Trino nos ilumine, nos guie e trabalhe em nós, para que possamos ser perseverantes na busca da santidade conjugal. Amém!

Angela e Luiz (CR Província Sul III)
Fonte: Carta Mensal Set/2008

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